....."A vida sempre teve disso:
essa lua na minha janela,
e esse sol que faz a manutenção,
do amorenado com o qual nasci.
Tem esse rio antigo que me provoca com a mesma ternura,
(me chama, me esfria, me molha, me esquenta)
e esse vento ora louco, ora leve como outrora,
que se ausenta,
para eu implorar por sua volta.
Sempre houve esses minutos que eu gasto,
apreciando a engenharia,
das coisas simples e complexas,
das facilidades da tecnologia.
As construções das obras musicais,
enchem em massa os meus ouvidos,
e eu, por gostar da escrita,
prendo os cabelos com um lápis.
Amo essa afinidade com as águas,
mas minha mãe dizia que é preciso ser rocha,
para surportar a maré de mudanças do mundo.
Sempre foi assim e nada me cansa.
A vida é rotina e é mistério,
e é na passagem dos anos,
em meu vestido branco,
que desejo mais do sal que tempera,
essa velha cantiga de viver.
Ah, oceano feito de lembranças,
ouço em minha cabeça teu rugido,
trazendo ondas tantas de saudade,
de certos tempos, olhos e lugares.
São turvas essas águas do passado,
mas claros são os gestos vindo à tona,
de um fantasma doce, mentiroso,
suas promessas vãs nas profundezas.
Levar a terra firme essa jangada,
ao navegar, são as ordens de agora,
pedindo que o vento das marés,
saiba arrastar consigo essa tristeza.
Guarda oceano, a fúria desta noite,
transforma essas lembranças em espumas,
Desses teus olhos guardo horizontes,
curvas de rios, retas das cidades.
Guardo também das festas, suas glórias,
e eco de canto escrito pelas horas.
Preservo tudo em um sonho, distante,
desses teus olhos.
É o que resta desse festival,
mas das primaveris alegorias,
sobram confetes de melancolia.
Monto e desmonto em leito do silêncio,
velhas paisagens para achar aquela,
desses teus olhos.
Poema de Amor,
Deixa em teu rosto minhas mãos carentes,
e sente como estão húmidas de amor,
e que na brevidade do calor,
dizem palavras mudas-eloquentes.
São mãos querendo desesperadamente,
carícias que um tempo sem candor,
levou, e, que despidas de pudor,
procuram por lembranças já dormentes.
Se a lua faz-se bola de cristal,
e vagalumes beiram o luar,
elas se aquecem em teu brilho banal.
Deixa teu rosto de pedra sonhar,
que minhas mãos são jorros d'agua e sal,
que caem sobre ti com sons de mar...".....
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