03 dezembro, 2008

....."Sou eu, 
É verdade, aqui estou, 
Poeta para alguns, 
Louco que o mundo expulsou, 
Copos e tudo o mais, 
Agitação, dor e paixão, 
Para sempre a diferença entre os demais, 
Sou a divina oração. 
Arte, 
E porque não? 
Palavras sinceras, 
Histórias e misérias, 
Vozes e alucinações, 
Gritos... 
Falo eu, falas tu, 
Sou uma mentira? 
Responder ou ignorar? 
Voz cansada de esperar, 
Alma faminta de t´alcançar, 
Luz, amor... 
Mulheres que não quis, 
Mulheres que não mereci, 
Mulheres que não esqueci, 
Homens que acompanhei, 
Homens que me veneraram, 
Esses mesmos homens que hoje me deixaram, 
Deus? 
Não, não sou Deus... 
Perdi talvez, 
Mas estou aqui, 
A confessar-me mais uma vez, 
E depois? 
E amanhã? 
Voltarei a ser o rei...o rei com alma de palhaço, 
Homem ou talvez não, 
É o destino, o fado cantado e chorado, 
É a lágrima de um sol derrotado, 
E de um ser mal interpretado. 
Amar, 
E talvez casar, 
E depois...?? 
Sou eu e...
Sinto-me só!!!...
Se é que ainda posso sentir...".....

1 comentário:

Liz disse...

Sós,
irremediavelmente sós,
como um astro perdido que arrefece.
Todos passam por nós
e ninguém nos conhece.

Os que passam e os que ficam.
Todos se desconhecem.
Os astros nada explicam:
Arrefecem

Nesta envolvente solidão compacta,
quer se grite ou não se grite,
nenhum dar-se de outro se refracta,
nenhum ser nós se transmite.

Quem sente o meu sentimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem sofre o meu sofrimento
sou eu só, e mais ninguém.
Quem estremece este meu estremecimento
sou eu só, e mais ninguém.

Dão-se os lábios, dão-se os braços
dão-se os olhos, dão-se os dedos,
bocetas de mil segredos
dão-se em pasmados compassos;
dão-se as noites, e dão-se os dias,
dão-se aflitivas esmolas,
abrem-se e dão-se as corolas
breves das carnes macias;
dão-se os nervos, dá-se a vida,
dá-se o sangue gota a gota,
como uma braçada rota
dá-se tudo e nada fica.

Mas este íntimo secreto
que no silêncio concreto,
este oferecer-se de dentro
num esgotamento completo,
este ser-se sem disfarçe,
virgem de mal e de bem,
este dar-se, este entregar-se,
descobrir-se, e desflorar-se,
é nosso de mais ninguém.

(António Gedeão)

Se não podes mudar a direcção dos ventos e ele, de frente, te incomoda, dá-lhe as costas.