06 junho, 2009

....."Lembro-me bem do seu olhar. Ele atravessa ainda a minha alma. Como um risco de fogo na noite. Lembro-me bem do seu olhar. O resto... Sim o resto parece-se apenas com a vida. Ontem, passei nas ruas como qualquer pessoa. Olhei para as montras despreocupadamente, E não encontrei amigos com quem falar. Tão triste que me pareceu que me seria impossível, Viver amanhã, não porque morresse ou me matasse, Mas porque seria impossível viver amanhã e mais nada. Fumo, sonho, recostado na poltrona. Dói-me viver como uma posição incómoda. Deve haver ilhas lá para o sul das coisas, Onde sofrer seja uma coisa mais suave. Onde viver custe menos ao pensamento, E onde a gente possa fechar os olhos e adormecer ao sol E acordar sem ter que pensar em responsabilidades sociais, Nem no dia do mês ou da semana que é hoje. Abrigo no peito, como a um inimigo que temo ofender, Um coração exageradamente espontâneo, Que sente tudo o que eu sonho como se fosse real, Que bate com o pé a melodia das canções que o meu pensamento canta. Canções tristes, como as ruas estreitas quando chove...".....

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