....."No princípio,
Consome, corrói, destrói!
Depois...
Depois já nada mais importa...
O tempo vai passando... devagar...
E chega um dia,
Em que já nada se sente,
O que foi, já não o é,
O que fora antes tão importante,
Deixou de o ser,
O que sabia a pouco,
Dilui-se na espuma dos dias,
Preenchidos,
De silêncios partilhados,
Estranhos e cúmplices,
Silêncios estes,
Que se agridem,
Que se gritam,
Naquela linguagem surda,
Que mais ninguém entende,
Cruzando-se no mesmo ar que respiramos,
Sob a forma de ecos mudos,
Estridentes sons agudos,
Tão cheios de tudo,
E de nada...
Passeia-se orgulhosa a indiferença,
Apagando gestos e sorrisos antigos,
Ternuras,
Cumplicidades...
Que chega até a doer,
De tão aparente e natural o ser,
E as bocas permaneceram caladas,
Ao longo dos dias,
Das semanas,
E dos meses,
Que passaram a ser anos,
Apenas o pensamento ficou,
Intocável,
Incontrolável,
Por vezes enlouquecido,
Lembrando-se do que não devia,
Ousando saltar o muro,
O imponente muro do orgulho,
Desafiando o proibido,
E arriscando um ensaio,
De uma fala ainda não dita,
E que jamais será proferida,
Mas... ainda assim,
Quem sabe num remoto acaso,
Num momento de fraquezas consentidas,
Num instante que rasgue,
O fino e frágil véu do imprevisto...
Mas nunca com um simples "tu",
O mesmo "tu" que outrora se prostituiu,
E morreu enleado,
Nas amarras de um capricho...
O "você",
Será a palavra nova,
A palavra obrigatória,
Sob a qual se curvará,
O inevitável...
Eis que ela chega,
Sumptuosa e fria,
A grande substituta,
Onde reinará implacável,
Para lá até, do eterno...".....
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