11 abril, 2014

....."Será que vai ser sempre assim?
Acordar com o mesmo pensar,
Imaginar o que não pode acontecer,
Sonhar com o que não se pode ter,
Sentir o que não se pode falar.
Será que vai sempre assim?
Acreditar na ilusão,
Escrever o que não se pode ler,
Não querer ser,
Viver ao sabor da emoção,
Fugir da dor que há no coração,
Disfarçar a revolta com mais uma oração.
Será que vai ser sempre assim?
Fingir e sofrer,
Beber o fumo do cigarro que tarda em s´apagar,
Olhar, declamar,
Invariavelmente sozinho ficar,
Com a existência insensatamente brincar,
Enfim, desejar morrer,
Mas não o fazer,
Não ter pressa de ao cemitério chegar,
Nem tão pouco da sepultura conhecer,
Não por medo, mas porque ainda ouço o teu chamar,
E sei que de noite não páras de chorar.
Será que vai ser assim?
Pedir tempo, e no tempo me perder,
Recordar o outro anoitecer,
Esquecer o que o Mundo nos obriga a entender,
Amar-te com prazer,
E depois...desaparecer...
Será que vai ser sempre assim?
Ter uma sede invulgar,
Ser o fogo que nada nem ninguém consegue apagar,
Ser a chama que a mim próprio está a exterminar,
Para nenhum lado caminhar,
O poema do futuro inventar,
Para depois num ápice...o rasgar.
Será que vai sempre assim?
"Fazer amor" sem saber,
Seduzir com uma qualquer conversa d´engate,
Querer estar em toda a parte,
Como o mais louco Vate,
que nada percebe d´arte,
Qual jovem que não quer envelhecer,
Qual fruto que tarda em crescer e amadurecer,
Uma vida que insiste em desaparecer,
Sou apenas uma imagem colorida que pouco a pouco se esbate.
Será que vai sempre assim?...".....

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