23 fevereiro, 2017

....."Dei por mim a olhar a Rua das Flores com as Cardosas, lapso próprio de um tempo que não passa, as fachadas graníticas revestidas de azulejo, a imponência neoclássica da estação não me chamaram a atenção, como usualmente estes aspectos o fazem. Pensamento pungente...Não se fazem autópsias à alma, somente a este corpo que me carrega...olho por instantes a Rua do Loureiro, não importa o número, onde tantos como eu fizeram a dita autópsia, prendo-me à organização do aparelho construtivo do edifício...O único som que ouço é o dos comboios e o da "Rita", espera hà mais, gente eufórica e estridente, que não é de cá, fascinados pelos magníficos painéis de azulejos quase todos a azul e branco, típicas cores desta cidade, mas que contam a nossa História e preenchem a entrada da dita...
Tem de ser, volta à autópsia e ao ruído de uma máquina enorme que me consome, som estridente, pó e fumo, e tão pequena a coitada da máquina face à autópsia da alma...da minha e de todas que ali se autopsiaram...É um entra e sai tenebroso, gente de cá, gente de lá, gente que não conhece o Porto...O "meu"Porto, nenhuma outra cidade toca como o Porto, sabes como lhe conheço as entranhas, até ao seu estrato geológico...Novamente o ruído estridente, latejante na minha cabeça, regresso ao ponto de partida:"O Porto não tem início nem fim...ai rapariga!!!"... Ali fiz como outros a autópsia à minha alma e sem ordem estratigráfica entre eu e os outros...
Resultado final...guardo para mim, mas descobri e registei que a alma como o corpo são constituídos por órgãos...Rapariga objecto de estudo analítico...Resultado registado: tenho um órgão na alma, que fica no seu centro, sim tem nome, tem vida, tem Alma!!!Ai rapariga guarda o nome para ti...".....

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