23 outubro, 2018

....."Começo a chorar,
Do que não finjo,
Porque me enamorei,
De caminhos,
Por onde não fui,
E regressei,
Sem ter nunca partido,
Para o norte aceso,
No arremesso da esperança;
Nessas noites,
Em que de sombra,
Me disfarcei,
E incitei os objectos,
Na procura de outra cor,
Encorajei-me,
A um luar sem pausa,
E vencendo o tempo que se fez tarde,
Disse: o meu corpo começa aqui,
E apontei para nada,
Porque me havia convertido ao sonho,
De ser igual,
Aos que não são nunca iguais...
...Faltou-me viver onde estava,
Mas ensinei-me,
A não estar completamente onde estive,
E a cidade dormindo em mim,
Não me viu entrar,
Na cidade que em mim despertava;
Houve lágrimas que não matei,
Porque me fiz,
De gestos que não prometi,
E na noite abrindo-se,
Como toalha generosa,
Servi-me do meu desassossego,
E assim me acrescentei,
Aos que sendo toda a gente,
Não foram nunca como toda a gente...".....

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